01/08/10

Eu vim de longe


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Eu vim de longe
há tanto tempo,
que nem bem sei
se vim,
ou se sonhei.
Terá sido sonho
ter vindo de onde vim?
Ter vivido o que vivi?
Ter visto o que vi?
Terá sido nesta
ou em outra era?
Ou será apenas…
doce quimera?
Terei deveras conhecido
o que nunca vejo?
Ah, doce devaneio!
Se a mera palavra
não atesta a outrem
meu real viver,
pois se nem punhado
trago na mão,
do que
vi,
ouvi,
cheirei
da vida
que já nem eu sei
se vivi
ou se sonhei.
Que gritem então,
essas vozes
que outrora amei.
Que me reencontre
esse céu
que me abrigou.
Que me chegue
às arfantes narinas
o cheiro quente
da terra que pisei.
E que possam, então,
austeros provar
a estes
que desdenham
de minha prosa,
que um dia
fui vossa!
Que não foi sonho
meu viver,
que não foi delírio
meu distante amar.