20/11/17

Depois do amor




















Gosto quando,
depois do amor,
vens e fazes ninho dos teus braços,
a acolher-me o corpo, amante do teu afago,
e encaixas o meu
no teu cansaço.

Gosto quando te desfazes em carícias
dum enrolar e desenrolar
de dedos no meu cabelo
e me beijas, baixinho, ao ouvido
para não acordar a lassidão
que o amor nos deixou…

Gosto quando me afagas a alma nua
e guardas minhas costas no teu peito.
Gosto de beijar o teu sorriso,
quando deslizo a minha perna sobre a tua
e nossos pés se aquecem num bem-querer.

Gosto quando a tua mão não cabe na minha,
quando a quero adormecer…





31/08/16

O erotismo

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Gosto do erotismo das palavras doces
que me chegam pelos ouvidos devagar,

bem

devagar...

Para dar tempo à alma para as descascar,
como se descasca uma manga madura sumarenta a pingar de doce...

E saborear devagar,


bem



    devagar...




22/08/16

Razões para escrever não faltam



O escrever, que também eu tantas vezes o percorro com passos desajeitados tropeçando ora em auroras, ora em quase abismos, eu o dividiria em dois grandes caminhos: o trabalhado e suado, que segue tema pré-determinado e o genuíno, que ultrapassa vontades, aquele que nasce algures nas entranhas do ser.

Esse, o que marca o estilo, o que dita o tema, é um grito sem elevar a voz, que pode bradar e escancarar-se em silêncio.

É a alma, senhora de si, ainda que o corpo esteja atado,
que canta seus amores,
que chora seus lamentos,
que solta sua indignação,
que brada aos céus seu infortúnio
e espanta a saudade.

Escrever é deixar aflorar a voz da alma, que explode em catadupa de emoções sem vírgulas nem freios e traduzi-la em palavras, organizar-lhe as frases e compor o texto que falará de mim, do outro, de tantos e do ninguém, de tudo e do nada.
Depois da voz da alma ser escrita, restará àquele que ler escolher a interpretação, segundo sua própria alma.




* a partir do desafio lançado por Miss Smile do blogue "Notas de Chá" aqui
Aí, pode-se descobrir mais umas tantas razões de escrever. Serão tantas quantas são as almas que gostam e/ou precisam da escrita.