Hoje ao sentir-te perto de mim, assim tão perto, quase que a
se tocarem nossos rostos…obriguei-me à serenidade, para que não transparecesse
a emoção do momento.
Mas podia sentir tua respiração quase que imperceptível, qual
brisa suave, a soprar-me no rosto.
A provocar-me um arrepio que me percorreu toda a coluna numa
rapidez, como se de uma descarga eléctrica se tratasse.
Ah… quisera eu que se prolongasse no tempo tal momento. Mas de tão fugaz,
restaria, por certo, a dúvida de o ter vivido, não fosse guardar ainda teu
cheiro másculo na memória.
Quisera eu saber que sensação te provocara tanta proximidade…
Quisera eu saber se aquela respiração compassada e contida que
te sentia era o respirar do meu perfume.
Com certeza o sentias. Seria impossível que assim não fosse.
Inebriei-te?
Seria essa a razão de tanta demora, que me pareceu eternidade,
antes que proferisses palavra?
Quisera eu saber se também te provocara um arrepio pela coluna,
o sentir-me tão próxima de ti, a milímetros do teu desejo.
Porque te limitaste ao “até amanhã” e te contentaste com o meu
“até à próxima”?
E de “até amanhã” em “até amanhã”, permitimos que os anos
nos mantenham afastados…
Acaso esperavas de mim menos comedimento?
Infeliz de ti, que me tomas por outra.
Não serei eu de tal casta, mas sim daquela a que pertencem as
mulheres que anseiam o reconhecimento da conquista.
Pois que não me limito a ser oferta. Mera amostra grátis, de um
qualquer expositor.
Mesmo que me corroa a ânsia de teu toque, manter-me-ei serena.
Mesmo que o desejo de respirar teu cheiro, de tocar com meu
corpo tua pele que meus olhos inebria, mesmo que a vontade de ter tuas mãos a
me percorrer as costas arrepiadas me enlouqueça a razão…mesmo assim, manter-me-ei
serena.
Porquê?
Porque mais do que desejar-te a ti, desejo eu a volúpia deste
roçar ao de leve, deste respirar quase inaudível, mas que arrepia os sentidos…
Desejo o desejo que a carne não sacia.
Chama-me louca!
Pouco importa.
Este
é o verdadeiro prazer, digo-te eu.