Fico a imaginar-me numa vida em que:
o medo seja companheiro diário;
em que sair à rua seja caminhar numa linha de fogo;
em que a minha casa possa transformar-se na sepultura de meus filhos.
Lutar pela sobrevivência é um instinto natural de qualquer ser vivo.
Lutamos até ao limite de nossas forças.
Possivelmente, a viver as mesmas condições de vida, eu seria uma das que
empreendem a travessia árdua em busca de uma sobrevivência menos brutal, mesmo
que consciente de que a Europa não é um paraíso, mesmo a saber que não seria
bem-vinda.
Porque:
«É melhor morrer só uma vez»
– afirmação de uma jovem síria que viu na Bolsa de Estudos o passaporte para fugir da destruição da guerra. A entrevista em que relata como é viver numa guerra que já matou mais de 215 mil pessoas pode ser lida AQUI.
Há uns anos atrás, essa
travessia era tentada, principalmente, por terra.
Foram tomadas medidas no intuito de travar a
entrada dos migrantes: fechar acessos.
- a Espanha construiu em 1998 os muros que separam as cidades de Ceuta e Melilla de Marrocos, que são incrementados com arame farpado, câmaras de vigilância e sensores.
- a Grécia, considerada a porta dos fundos de entrada de refugiados e migrantes que chegavam através da Turquia, além de reforço no policiamento das fronteiras e medidas de represálias contra estrangeiros ilegais, construiu, em 2012, um muro ao longo do rio Evros que faz a fronteira com a Turquia para desencorajar a travessia.
- a Bulgária, outro país fronteiriço com a Turquia e que passou a ser mais procurado como porta de entrada depois da construção do muro grego, em 2013 ergueu uma cerca de arame farpado na fronteira com o país turco.
Mas nada desmotiva essas pessoas, porque