Como chamar, como denominar esses Senhores
Doutores, cada um em seu posto, que durante, não meses, mas anos,
sucessivamente, uns atrás dos outros, desgovernaram o barco que nos deveria
levar em segurança?
Chamá-los: Incapazes?
Seriam-no, na realidade? Ou as suas capacidades seriam
outras, que não a de desempenhar o papel que lhes foi confiado?
Desleais?
A lealdade, ao contrário do que deveria ser, é subjectiva
demais, vai mais além do que o simples sinónimo que lhe é atribuído no
dicionário.
Mas... não interessa o que lhes chamemos.
Por hora, chamemos-lhes apenas e tão-somente: nossos
governantes. Uns num nível mais abaixo, outros num outro mais acima, uns
que se apresentam à frente, outros que se ficam de lado, mas são todos os
governantes deste Estado, que se mostra em estado de caos.
Homens e mulheres a quem foi confiado o barco e
não só.
A quem foi confiada a nossa vida inteira.
A quem confiamos o que têm os homens dignos de
mais precioso: o nosso ganha-pão, o nosso posto de trabalho - o
projecto de sobrevivência
de uma vida.
Nós, os que ganham o pão, do nosso lado,
procuramos ser o mais capazes que nos seria possível ser. Desempenhamos a função
que nos foi predestinada da forma o mais profissional e apaixonada para lá do
que era possível, de modo a nada desabonar a nossa conduta, nem colocar em
causa o nosso posto de trabalho - nosso tesouro.
E para além disso, fomos íntegros, fomos éticos,
fomos assíduos, fomos leais ao Estado, fomos bons pagadores sem que
para isso fosse necessário que nos assediassem com a virtualidade topo de gama.
Fomos o que esperavam que nós fossemos, PONTO.
Mas, para além de tudo isso, também teremos sido
inocentes?
Teremos sido tão estupidamente ingénuos como
nenhum homem adulto tem o direito de ser?
Foi esse o nosso erro?
Não sabíamos que não é na nobreza
do trabalho que reside o valor de um homem?
Inocentes crédulos, eis o que somos.
De facto, somos merecedores do mais duro castigo.
Claro que sim.
Rua connosco!