21/07/16

Nem sei...


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A vida anda...
Por vezes corre.
Acho que corre demais.
Não gosto que corra tanto.
Talvez, por correr assim, essa vida,
eu sinta-me tão cansada
e nem sei porquê.
Decerto, pelo intento
de correr a par com ela.
E nessa corrida, apercebo-me agora:
deixei para trás coisas que fazem falta.
Mas não há como voltar e recuperá-las.
Ficaram irremediavelmente para trás!
Perdi-as pelo caminho.
Nem sei, sequer, o caminho de volta...
E enquanto perco-me nestes pensamentos, a vida continua a correr.
Corre... Corre incólume.
Corre sem parar.
Corre sem se cansar.
E não se dói se me deixa para trás



2012

17/07/16

A arte a pintar vidas




Joan Punyet Miró  neto de Miró, doou 28 obras do pintor para serem leiloadas, a fim de serem angariados fundos para ajuda dos refugiados que têm chegado à Europa.

O neto de Miró diz ser "o executante da sua vontade" e estar a fazer o que o próprio avô teria feito - apenas isso. E por quê?
Porque "se fosse vivo, consideraria que o que hoje se passa na Síria poderia acontecer amanhã em Espanha" - em alusão à Guerra Civil Espanhola na década de 30.

O lucro obtido no leilão é para ser gerido pela Cruz Vermelha.

Um gesto de quem teria tudo para se fechar em seu mundo de fartura de cor e de conforto, evadindo-se da realidade pintada em tons de crueldade, do lado de lá de seu portão.
Ninguém lhe iria cobrar uma atitude, sequer.
Mas a sua consciência chamava-o a intervir num drama que é de todos.
Como tão bem disse John Donne (poeta inglês):

“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo;
todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme.
Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar dos teus amigos ou o teu próprio;
a morte de qualquer homem me diminui,
porque sou parte do gênero humano,
e por isso não me perguntes por quem os sinos dobram;
eles dobram por ti.”


E, o neto de Miró sabia-se numa posição privilegiada que permitia que fizesse a diferença, a chamar a atenção para o apocalipse que se abate sobre esta gente que é parte de nós.

O problema que se põe é que a ajuda financeira, ainda que boa, é uma migalha para os cerca de 4,8 milhões de refugiados, desde o início desta crise e, que só neste ano de 2016, já vai em mais de 146.000 entre refugiados e migrantes chegados a este continente.

Precisa-se de mais "Joan Punyet Mirós" a se darem a esta causa.


 Leia mais aqui:







03/07/16

Amo-te



Amo-te como
a relva ama o orvalho
nas madrugadas...
Amo-te assim,
de maneira simples,
como se ama
apenas
porque sim.
Amo-te porque
estou aqui
e tu também,
quando tudo sabe bem.
Amo-te
sem mais delongas.
E é tão bom
amar-te,
meu bem.