Joan Punyet Miró neto de Miró, doou 28 obras do pintor para serem leiloadas, a fim de serem angariados fundos para ajuda dos refugiados que têm chegado à Europa.
O neto de Miró diz ser "o executante da sua vontade" e estar a fazer o que o próprio avô teria feito - apenas isso. E por quê?
Porque "se fosse vivo, consideraria que o que hoje se passa na Síria poderia acontecer amanhã em Espanha" - em alusão à Guerra Civil Espanhola na década de 30.
O lucro obtido no leilão é para ser gerido pela Cruz Vermelha.
Um gesto de quem teria tudo para se fechar em seu mundo de fartura de cor e de conforto, evadindo-se da realidade pintada em tons de crueldade, do lado de lá de seu portão.
Ninguém lhe iria cobrar uma atitude, sequer.
Mas a sua consciência chamava-o a intervir num drama que é de todos.
Como tão bem disse John Donne (poeta inglês):
“Nenhum homem é uma ilha,
isolado em si mesmo;
todo homem é um pedaço do
continente, uma parte da terra firme.
Se um torrão de terra for
levado pelo mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se
fosse o solar dos teus amigos ou o teu próprio;
a morte de qualquer homem
me diminui,
porque sou parte do
gênero humano,
e por isso não me perguntes
por quem os sinos dobram;
eles dobram por ti.”
E, o neto de Miró sabia-se numa posição privilegiada que permitia que fizesse a diferença, a chamar a atenção para o apocalipse que se abate sobre esta gente que é parte de nós.
O problema que se põe é que a ajuda financeira, ainda que boa, é uma migalha para os cerca de 4,8 milhões de refugiados, desde o início desta crise e, que só neste ano de 2016, já vai em mais de 146.000 entre refugiados e migrantes chegados a este continente.
Precisa-se de mais "Joan Punyet Mirós" a se darem a esta causa.
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