14/05/10

Valha-nos o egocentrismo!


O ser humano é uma criatura, por sua própria natureza, egocêntrica.
Mas não entendamos isso como um factor negativo. Não.
O egocentrismo, é com certeza, um presente de Deus, na sua indubitável sabedoria, para nos poupar ao sofrimento.
Deu-nos essa capacidade como uma mais-valia para nossa própria sobrevivência.
O egocentrismo deixa-nos crer, efectivamente, que somos especialmente protegidos em detrimento dos outros.
O egocentrismo dá-nos a absoluta certeza de que, por pior que seja a situação, nos safaremos sempre.
Porque a vida NOS PERTENCE.


Estamos acostumados a consolar os outros nas suas perdas.
Estamos acostumados a ver os outros a morrer.
Estamos acostumados a seguir ATRÁS do morto. Sempre.
E, por mais que ela se aproxime a rondar-nos, é simplesmente inconcebível a nossa própria morte.
Imaginarmos este corpo com que convivemos desde os primórdios de nossa existência e que faz parte do nosso SER, inanimado, morto para todo o sempre… … …

Não nos peçam tal.

Sou capaz de arriscar que, no momento exacto da passagem do estado de vivo para o de morto, ainda aí, nesse instante, a consciência da morte teimará em se esconder atrás de um sonho mau e julgaremos estar diante de um pesadelo, nada mais para além disso.
Não faz parte da nossa realidade.
Não estamos programados para semelhante.
Porque Deus nos programou para uma fé inabalável na vida.
Porque é fundamental à nossa sanidade e à nossa luta pela sobrevivência que nos alheemos e que não nos encaixemos nessa etapa natural do ciclo da vida. 

Penso que podemos concluir que os que ousam colocar de lado esse essencial egocentrismo são seres de uma extraordinária capacidade espiritual, pertencendo a um nível superior ao da esmagadora maioria dos comuns e alcançaram uma luz pacificadora desconhecida dos demais, ou, pelo contrário, não passam de seres sofredores, às custas do conhecimento que obtiveram indevidamente, para o qual não estavam, de todo, preparados.

Pois então, mais valia estarem quietos e não se porem a questionar e a querer entender o que não lhes pertence entender.
Pois que, se Deus nos fez assim, um tanto obtusos e não nos deu a enciclopédia toda, foi por que lá entendeu que assim seríamos mais felizes.
E, como diria minha sábia avó, “a fé é que nos salva”.

1 comentário:

IVANCEZAR disse...

Depois que li "O ELOGIO DA LOUCURA" de Erasmo de Rotterdam, passei a entender muito mais a necessidade de ser eterno aprendiz... Belo post !