O ser humano é uma criatura, por sua própria natureza,
egocêntrica.
Mas não entendamos isso como um factor negativo.
Não.
O egocentrismo, é com certeza, um presente de Deus,
na sua indubitável sabedoria, para nos poupar ao sofrimento.
Deu-nos essa capacidade como uma mais-valia para
nossa própria sobrevivência.
O egocentrismo deixa-nos crer, efectivamente, que
somos especialmente protegidos em detrimento dos outros.
O egocentrismo dá-nos a absoluta certeza de que,
por pior que seja a situação, nos safaremos sempre.
Porque a vida NOS PERTENCE.
Estamos acostumados a consolar os outros nas suas
perdas.
Estamos acostumados a ver os outros a morrer.
Estamos acostumados a ver os outros a morrer.
Estamos acostumados a seguir ATRÁS do morto. Sempre.
E, por mais que ela se aproxime a rondar-nos, é simplesmente
inconcebível a nossa própria morte.
Imaginarmos este corpo com que convivemos desde os primórdios de nossa
existência e que faz parte do nosso
SER, inanimado, morto para todo o sempre… … …
Não nos peçam tal.
Sou capaz de arriscar que, no momento exacto da
passagem do estado de vivo para o de morto, ainda aí, nesse instante, a consciência
da morte teimará em se esconder atrás de um sonho mau e julgaremos estar diante
de um pesadelo, nada mais para além disso.
Não faz parte da nossa realidade.
Não estamos programados para semelhante.
Porque Deus nos programou para uma fé inabalável
na vida.
Porque é fundamental à nossa sanidade e à nossa
luta pela sobrevivência que nos alheemos e que não nos encaixemos nessa etapa
natural do ciclo da vida.
Penso que podemos concluir que os que ousam
colocar de lado esse essencial egocentrismo são seres de uma extraordinária
capacidade espiritual, pertencendo a um nível superior ao da esmagadora maioria
dos comuns e alcançaram uma luz pacificadora desconhecida dos demais, ou,
pelo contrário, não passam de seres sofredores, às custas do conhecimento que obtiveram indevidamente, para o qual não estavam, de todo, preparados.
Pois então, mais valia estarem quietos e não se
porem a questionar e a querer entender o que não lhes pertence entender.
Pois que, se Deus nos fez assim, um tanto obtusos
e não nos deu a enciclopédia toda, foi por que lá entendeu que assim seríamos
mais felizes.
E, como diria minha sábia avó, “a fé é que nos
salva”.
1 comentário:
Depois que li "O ELOGIO DA LOUCURA" de Erasmo de Rotterdam, passei a entender muito mais a necessidade de ser eterno aprendiz... Belo post !
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