O que eu
não tolero mesmo e que me leva aos beirais da loucura, são os falsos anjos. Homens
e mulheres direitos(as) que batem no
peito, que falam de honradez como quem fala de futebol na tasca da esquina, ou
da moda para a próxima estação, no chá com as amigas.
Esses(as)
que se dizem de boa cepa e em seu desvario até se crêem duma cepa da qualidade
dum Chardonnay, embora não passem
daquilo que são… bebida barata em embalagem duvidosa.
Os mais
bem talhados fatos de vicunha, as superiores
marcas disto e daquilo sobre o corpo e o mais bem sonante patoá têm por
serventia encobrir-lhes a negrura d’alma.
E mesmo
que lhes escancarem nas fuças que é indisfarçável o odor nauseabundo que
denuncia a podridão dos becos percorridos no ínterim das reuniões de negócios
e almoços de família, seguem na vida sem perder a pose de senhores(as) e, sem
se coibirem de apontar, sem parcimónia, o dedo a quem nunca, sequer, cruzou com
eles(as) nesses caminhos obscuros.
E esta agora?
E agora
que o tempo passou…
Agora
que a maledicência teimou;
Agora
que as cicatrizes ficaram;
Agora
que todo o tempo do mundo,
Por fim,
se escoou;
E agora,
quando afinal constata-se
Que o
bem não vence o ultraje?
Eis que
o demónio tombou,
E todos
buscam a honra
De o
acompanhar no cortejo.
E segue
no cortejo a podridão
Em urna da
melhor cepa adornada a ouro;
Acompanhada
das mais caras e raras flores;
Ladeada
de fatos de lapela e mãos ao peito,
Em
ostensiva,
Tão
espampanante dor…
Oh! que
só os bons se vão…
Segue o
cortejo a honrar a podridão.
A honra
tilinta nos bolsos
E
carteiras que seguem no cortejo.
E o
cortejo segue.
Honra à
podridão!
Tanta é
a comoção.
A terra
mais fina
Cobrirá
a urna da melhor cepa,
Que
reluz mais
Do que
brilha a alma
Que anda
ali,
Ainda
sem saber direito
Em que
beco deixou a honra…
Demónios
disfarçados de anjos…
Perdurará
o engodo?
Não se
rompem bolsos e carteiras a espalhar a honra pelo chão?
E não há
quem ponha um níquel na mão da alma desvairada, a quem o cortejo confunde os
passos que se assemelham aos de um ébrio, à procura em meio às flores e rostos,
que nem reconhece, a honra que deixou algures…
2 comentários:
Lobos em pele de cordeiro... é o que mais tem... é preciso ter cuidado com essa gente...
Beijos...
Gostei imenso da postagem, amiga.
É o que há mais e, infelizmente, disfarçam-se tão bem que não é fácil identificá-los. Querem estar de bem com Deus e com o Diabo. Cada vez mais, sinal dos tempos...
Meu beijo, Carmen :)
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