Na casa em
que cresci, no Rio de Janeiro, havia quintal e havia jardim, havia borboletas e havia passarinhos.
Não sei como
é agora, passados todos estes anos, mas eu sou do tempo – já pareço aquela
senhora do anúncio publicitário do hipermercado – em que havia muitas
borboletas de todas as cores:
amarelas; azuis; com pintas e sem pintas; com riscas; outras pretas aveludadas e ainda umas outras com duas bolotas enormes nas pontas traseiras das asas, a imitar dois olhos vigilantes...
amarelas; azuis; com pintas e sem pintas; com riscas; outras pretas aveludadas e ainda umas outras com duas bolotas enormes nas pontas traseiras das asas, a imitar dois olhos vigilantes...
Para além
disso, avistávamos de vez em quando, talvez levada pela aventura de descer da floresta, uma daquelas borboletas gigantes, com aquele
seu bater de asas que parecia uma dança em câmara lenta – lembrança linda e irrepetível, dessas que guardamos no baú de nossas memórias.
No rol dos
passarinhos, tínhamos o beija-flor que tinha um qualquer poder mágico
que me hipnotizava.
E tínhamos, ainda, o bem-te-vi que passava a vida a alardear que nos havia visto - “bem-te-vi”
– e era o preferido de minha mãe, que contava que na terra dela havia um
outro passarinho, primo daquele, que, como era português, cantava “vi-te, vi-te”
e, apressado que era, cantava mais depressa que o brasileiro. Claro está, que
sempre achei que era história da carochinha.
Mas não é que
o vi-te, vi-te existe mesmo! E é ele que tem cantado pra mim, em vez do
bem-te-vi da minha infância.
Ao contrário
do pássaro que ia ao quintal de minha casa e que eu avistava lá no cimo do coqueiro, o daqui é mais
arredio – hoje pela primeira vez, ao fim de todos estes anos, consegui avistá-lo num galho alto duma
árvore, a me espreitar e a me avisar: “vi-te, vi-te”.
Eu também o
vi.
Interessante foi descobrir que o vi-te, vi-te também existe no Brasil, inclusive no Rio de Janeiro – mas esse, nunca foi ao meu quintal...
Quem quiser conferir semelhanças, pode espreitar os links:
* O bem-te-vi pode ser ouvido aqui.
* O vi-te, vi-te pode ser ouvido aqui.
P.S.
Descobri ainda, que Cecília Meireles também se encantou um dia, com o nosso bem-te-vi, de que falou na sua História de bem-te-vi – eu, apesar de apaixonada por Cecília Meireles, não posso concordar quando sugere que o bem-te-vi deveria estar numa gaiola, mesmo que fosse elegante.
Ele só pode ser feliz, quando no cimo duma árvore bem alta, a nos surpreender com seu canto atrevido.
Descobri ainda, que Cecília Meireles também se encantou um dia, com o nosso bem-te-vi, de que falou na sua História de bem-te-vi – eu, apesar de apaixonada por Cecília Meireles, não posso concordar quando sugere que o bem-te-vi deveria estar numa gaiola, mesmo que fosse elegante.
Ele só pode ser feliz, quando no cimo duma árvore bem alta, a nos surpreender com seu canto atrevido.
28 comentários:
Olá Carmem,eles são um encanto e logo cedo estão anunciando o amanhecer com seu famoso Bem-te-vi aqui em nosso amado Brasil.
bjs amiga e uma ótima semana.
Carmen Lúcia.
Amo essas aves pequeninas, que por aqui por perto de onde moro vivem a cantar! Bela postagem!!!
Tenhas uma ótima semana!!!
Beijokas
http://simplesmentelilly.blogspot.com.br/
Também recordo as borboletas esvoaçando sobre as flores do jardim da casa da minha mãe. Lindas! O pássaro, não ouvia, mas certamente deve estar sempre livre para encantar quem calhe de o encontrar.
Beijos, Carmem. :)
Querida amiga
Penso que toda pessoa
deveria aprender
a escutar um pássaro...
Nesta escuta
se aprende a ser livre,
e entender o sentido
do que vem a ser liberdade...
Que a vida lhe traga a cada manhã,
o maravilhoso perfume da alegria...
Que lindo, fui conferir o canto do vi-te, vi-te, amei, acho que nunca prestei atenção nesse lindo cantar, pois aqui por perto de onde moro há muitos pássaros que cantam e eu reconheço o do bem-te-vi e quando inicia a primavera tem o sabiá, ah, tem até o canto de gavião, sei porque já o vi por aqui, olhe que moro quase no centro da cidade mais barulhenta, a minha São Paulo, mas meu bairro é um lugar lindo, tranquilo, dez minutos de carro até o centro, mas com o trânsito chego a ficar mais de trinta minutos, são os contrastes da vida!
Abraços linda amiga!
Oi Carmem :)
Gostei muito de ouvir o canto desses dois belos pássaros.
Em frente minha casa tem uma linda árvore e todos
os dias logo cedo aparece um
bem-te-vi cantando!
Ótima semana. Bjs!
É tão gostoso ler o que escreve...
e o que se aprende, também!
Fui espreitar os dois passarinhos,
são diferentes mas ambos lindos! Conhecia,de nome, o bem-te-vi. Do vi-te,vi-te nunca tinha ouvido falar [e quase jurava que nenhum deles me viu].
Beijinho amigo,Carmem.
Adorei a postagem...que além de humana,poética e bem interessante...
Bem -te -vi é mais comum e há muitos em São Paulo...quanto ao vi-te nunca vi (rs)...gostei de saber sobre o parente luso do nosso bem -te- vi.
Um abraço
Olá, Carmem
À medida que ia lendo o seu texto um sorriso se foi alargando no meu rosto, de puro agrado. Recordações da infância têm um sabor muito especial e então quando entram palavras e dizeres das nossas mães ficam para sempre dentro de nós para sempre.
Fui ver as duas espécies, "bem-te-vi" e o "vi-te vi-te" e tenho a agradecer-lhe por nos trazer esse bocadinho do Brasil aliado a este nosso cantinho à beira-mar plantado.
Como bem diz o meu caro Aluísio, deveríamos todos aprender a escutar um pássaro. Na verdade, quando nos concentramos e separamos os ruídos urbanos dos da natureza é um verdadeiro milagre o que acontece. Sons vários nos envolvem, numa comunhão maravilhosa.
Bj
Olinda
Também me lembro das borboletas nos campos perto da casa em que cresci (campos esses hoje já urbanizados e provavelmente sem borboletas…)
E cresci aqui pertinho de Lisboa, a uns 10 kms.
E dos pássaros, das amoras, e de toda a especie de insectos voadores, rastejantes e saltitante! :)
Pena que os meus filhos tenham tão pouca bicharada por perto…..
(e agora vou espreitar os links do vi-te,vi-te)
É verdade que antigamente se viam mais borboletas. Creio que tem a ver com a poluição e o desaparecimento de muitas plantas.
Nunca tinha ouvido falar desses pássaros.
Também acho que os pássaros devem ser livres...para isso têm asas!
Beijinhos. Continuação de boa semana:)
Adorei ouvir os dois passarinhos :) a beleza da Natureza é assim mesmo :)
Muito bom esse texto, parabéns.
Arthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com
Oi Carmem!
Que linda postagem!
Como amo ouvir os cantos dos pássaros... De estar perto da natureza!
Uma linda tarde!Bjs.
Mariangela
Bem te vi, Carmem, a sentir a recordação dessa outra vida.
A liberdade das aves que nos visitam e saúdam com o seu canto, é manifestação, partilhada,da alegria e do Amor.
Um Post para recordar.
Parabéns.
Beijos
SOL
Olá Carmem!
Bom dia!
Fiquei viajando na tua história porque me fez lembrar minha infância quando ia para o sítio dos meus avôs, e toda manhã os beija-flor vinha tomar água na varanda onde havia vários bebedouros pendurado ali. Eles adoravam porque meu avô preparava uma mistura de água adocicada e eles se sentiam em casa. O açúcar fornecia energia, mas eles continuavam necessitando em buscar insetos e pequenas aranhas para sua dieta em proteínas, então saia por alguns minutos e logo lá estavam eles de volta, passava uma parte boa do dia ali, até os ninhos eles faziam por perto.
bem –te - vi também tinha bastante,e como são inteligente, sem contar papagaios e sabiá e tantos outros. Eu diria que ali existia uma grande orquestra de pássaros. A gente acordava ao som dos pássaros. Uma lembrança que marca por demais.
Perto de minha casa existe um grande clube de lazer com bastantes arvoredos, ali os pássaros fazem festa todos os dias. Acho que a maioria moram ali, sem conta ainda que minha cidade é a única no Brasil que tem uma fabrica de pios.
Adorei seu relato, muito bem construído.
Obrigada pela leitura fez-me recordar de tempos bons.
Um abraço e ótima semana!
Parece que o meu comentário não seguiu.
Venho agradecer a sua visita e registo
no meu blogue http://plullina.blogspot.pt
Já fiz o mesmo no seu.
Virei sempre que possa.
Bj.
Irene Alves
Oi Carmem
Saudades
Adoro pássaros, principalmente o tisiu que pulava ao canta, hoje não vejo mais pássaros, pois a minha cidadezinha é rodeada de canaviais.
Só tem cachorro que os donos não educam e latem dia e noite.
Beijos
Oi, Carmem!
Ainda não tinha ouvido o vi-te vi-te... e não sei se já o vi.
Onde moro um bem-te-vi vem toda manhã com sua família tomar água na piscina. Uma cantoria só que nos finais de semana, quando se quer dormir até mais tarde, chega a incomodar. Me desculpe os ecologistas...
Todo dia também vejo beija-flor e, para desespero do meu cãozinho, também gaviões.
Sinto falta das borboletas. Fico assustada com o grande número de abelhas que aparecem mortas no jardim.
Amei o canto do vi-te vi-te e vou deixar no play...
Beijus,
Olá Carmem,
Fiquei curiosa e fui até os links que você indicou para conferir. Observei que são aves de famílias diferentes.
Muito interessante. Nunca tinha ouvido falar no vite-vite.
Nenhum pássaro, a meu ver, deveria ficar engaiolado. Eles foram criados para encantar a todos. Liberdade é direito de todo ser vivo.
Acho esses pássaros lindos e não os vejo por perto da minha residência, já que o local é muito urbanizado. Já em nosso 'chalé', mais afastado, temos a felicidade de ouvi-los cantar e nos encantar.
Belos dias.
Beijo.
✿ه° Felizmente ainda há bem-ti-vis, beija-flores e borboletas que estão cada vez mais escassas... preço do progresso, sempre alto demais!...
Ótima quinta-feira com tudo de bom!!!
Bom restinho de semana!
✿╯Beijinhos
╰✿╮
Olá Carmem.
Muito interessante esta postagem. Desconhecia ambos os passarinhos e os seus cantos.
O que faz viver na cidade :)
beijinho com carinho
Fê
LAS AVES CANTAN HERMOSAMENTE NATURAL.
ABRAZOS
Boa tarde, só quem tem a oportunidade de ouvir o canto dos pássaros, sabe como a suas melodias são belas e relaxantes.
AG
O bem-te-vi e todos os pássaros são encantadores. Onde eu moro tenho oportunidade vê-los sempre. É tão bom para a alma e para o coração. Nunca tinha escutado, como alguns outros, o vite-vite. Lindo! Belo texto! Beijos.
Gosto de ouvir o chilrear dos pássaros. E gostava de ter por aqui um "bem-te-vi"... Gostei muito do texto.
Beijo.
Claro que fui ouvir o canto e as diferenças são nítidas, de facto!
Gostei imenso de "sentir" estas lembranças, querida Carmen. Afinal são elas que diferenciam cada ser humano.
Bjo, querida :)
Adorei a postagem Carmem. Claro fui lá conferir o canto dos pássaros e é bem diferente.
Quase não vejo mais as borboletas, apesar de cuidar bem do meu jardim.
Adoro Natureza. Essas lembranças passadas preenchem de forma terna e doce o nosso presente.
Um abraço.
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