13/07/15

A solidariedade de uma Europa que se chama União



Se os governantes tivessem a sensibilidade do poeta...
talvez a união dos povos não fugisse a galope num cavalo preto,
talvez todos marchassem juntos, a saber para onde.



Afinal, já não se trata de fazer contas, mas de prestar contas a uma Europa que quer vingança por a Grécia ter tido o desplante de insubordinar-se contra as regras propostas.
Não se nega aqui, as culpas da Grécia nesta crise catastrófica.
Tem culpas, como também tem Portugal, pela sua própria calamidade que, ai de nós! o que temos passado.
Os gerentes destas casas não se portaram como o esperado e levaram-nos a todos pela ladeira abaixo. Mas, adiante.

Agora (só agora?) dizem que a situação da Grécia é uma questão política, pois que, após o tão malfadado referendo, adoptou postura menos radical e reformulou sua proposta, cedendo a algumas exigências que levam a mais austeridade e, esbarrou numa Europa que não quer entender o que até o FMI já concluiu: a dívida grega não é sustentável.

Para a Alemanha, Suécia, Finlândia e Dinamarca:  negociação = não fazer cedências.

Os princípios que levaram à união da Europa e que pretendiam promover o bem-estar de seus povos baseado na solidariedade parece esquecido.

Por sua vez, a França tem sido aliada da Grécia em busca de uma solução cabal.
Até que ponto não será este apoio, prejudicial para a Grécia, pois que, neste sábado, o ex-ministro das Finanças da Grécia Yanis Varoufakis afirmava que a "Alemanha queria a saída do seu país da união monetária para intimidar a França e a fazer aceitar o seu modelo de uma zona euro disciplinar".   (fonte)
Que interesses calados se escondem na intransigência?

Em Fevereiro deste ano, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker admitia que "pecou-se contra a dignidade dos cidadãos de Portugal, Grécia e Irlanda".
E acrescentou que "era preciso aprender lições e não cometer os mesmos erros".
Agora, sente-se traído porque, afinal, a Grécia não se governa apenas de "amor".


Drummond, se cá estivesse, diria: "E agora, Grécia?"





20 comentários:

Olinda Melo disse...


Pobre União Europeia! Ao passo de gigante de há 70 anos, sacudindo os seus medos e ultrapassando os seus fantasmas, segue-se uma Europa titubeante e pusilânime, esquecida dos seus ideais e das suas obrigações de solidariedade. Em vez de procurar emendar os seus erros, cava ainda mais fundo a sua desgraça e a dos que se associaram a ela.
Tem razão, Carmem, na sua citação: "E agora, Grécia?".

Bj
Olinda

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Isto já não é uma União a Europa é um conjunto de Credores sem escrúpulos.
Um abraço e boa semana.

chica disse...

Hoje foi feito mais um acordo por lá!!! bjs, linda semana,chica

Arco-Íris de Frida disse...

Esta certa ao dizer... " E agora, Grécia?"...

Beijos...

Suzete Brainer disse...

Realmente se os governantes tivessem a
sensibilidade do poeta, talvez o mundo fosse
diferente, a magia do olhar do poeta
desconstruísse as muralhas, as armaduras
e principalmente a desumanização...
A poética de Drummond é genial.
Uma semana inspiradora, Querida!
Bjos.

Ana Freire disse...

Infelizmente, não será só a divida grega que não é sustentável. A nossa também o é... completamente insustentável! E quem o afirmou com todas as letras, foi a antiga ministra das finanças Manuela F. Leite, na passada quinta feira, assegurando-se de que o programa estaria a ser gravado, para que tais afirmações possam ser comprovadas, no futuro.
A maior incongruência de todas... é que o país que está à frente da Desunião Europeia... é isso que temos, e teremos futuramente... e que maior rigor exige, se esqueceu totalmente do seu passado devedor, com os custos das duas Guerras Mundiais... perdoadas... também pela Grécia!
Rigor com rigor se deveria pagar... e bem vistas as coisas... quem estará a dever mais a quem... se se fizesse as contitas com juros e correcção monetária, com as contas de duas guerras provocadas, com custos para a Europa?...
Duas? A terceira já está em marcha... com os mesmos objectivos... controlar a Europa... ao abrigo de um falso rigor... travando as produções nacionais, com quotas e medidas legislativas... e incentivando a uma vassalagem permanente de uns países, face a outros...
Os gregos tiveram o mérito de ainda nos vir lembrar o que é a democracia, por estes dias... já que foram eles que a inventaram...
Como sempre um post, esclarecedor, sobre um tema bem actual e pertinente, Carmem...
Beijos
Ana

MARILENE disse...

O poema de Drummond me fez voltar no tempo, ir até a época de estudante, quando me foi apresentado. Época em que não tinha antenas ligadas para a realidade política, econômica, social... do mundo.
Sinceramente, nunca acreditei nessa União Européia, como não creio nas demais , inclusive naquelas onde figura o Brasil. Os interesses reais dos povos são vistos de forma diferente por cada membro. A intransigência impede soluções. A Grécia se insurgiu. Opção??? Excluí-la por tempo determinado. Foge à minha compreensão uma união que afasta, que sobrecarrega, que pune. Não é a Grécia isenta de responsabilidades, mas foi seu povo a criar tantas dívidas? Os governantes não aprendem nunca. Ou não o desejam. Bjs.

Odete Ferreira disse...

Excelente postagem, estando de acordo com ela, assim como como com os comentários que já li. Tenho acompanhado esta "crise" e tenho cá para mim que as contas não passam de um falso argumento. O que interessa aos países dominadores é implementar uma estratégia de submissão. À hora que comento já há um luzinha ao fundo do túnel. Em todo o caso, a austeridade continua
O ideário da criação de uma união europeia (e os tratados que estiveram na origem) já há muito que deixaram de prevalecer.
Na verdade a memória é muito fraca em relação a uma história recente...
Pobre de quem tem que se subjugar!
Bjo, Carmen


Diana Fonseca disse...

Maldito seja o dinheiro.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, Carmem.
Tenho acompanhado diariamente, por todos os meios de comunicação, a grave situação da Grécia, com seu povo sofrendo as agruras da inflação, do desemprego e, pior ainda, dos cortes nos valores da aposentadoria e também nos vencimentos dos funcionários públicos. Claro que as dificuldades financeiras atingem todo o povo grego, mas uns sofrem mais que outros, os idosos, por exemplo.
Quanto a Portugal, fico torcendo para que as coisas se encaminhem bem, e não cheguem nem perto da situação da Grécia.
Abraço.

Luma Rosa disse...

Oi, Marilene!
Tudo é política! Desde 2010, a Grécia deixou de ser capaz de conseguir crédito para pagar as suas dívidas e o termo PIIGS voltou a ser utilizado e um plano diabólico foi aplicado para pressionar os PIIGS a contrair mais empréstivos para cumprir suas obrigações. A Grécia caiu na armadilha e de imediato aceitou um Bailout. Passado mais ou menos um ano, Portugal também caiu no golpe, a Itália deu uma banana para a esmola caríssima e logo em seguida com a negativa da Espanha, miraram com a acusação dos pepinos contaminados e a ESpanha perdeu $290 Milhões/semana em exportações.
Se olharmos para os países PIGS, veremos que quando a crise começou os seus governos eram socialistas (excepto a Itália); mas também poderá ter sido esse o motivo pelo qual esse país foi deixado em paz por uns tempos.
A França defende seus interesses, pois a Grécia pode correr por ajuda na Rússia. Por outro lado, "A Bela e a Fera" temem o podem do sul da Europa (França e Alemanha), afinal, no passado o controle político, econômico, cultural, artes e ciência... Imagina se alidados à Grã-Bretanha? Sim, eles controlariam o mundo... Por isso a sede em impedir esses países de avançarem.
Gosto bastante dessa teoria da conspiração, senão pq causariam tantos problemas macro-económicos nesses países? Assim forçosamente causam descontentamento social e político, que irá resultar na queda de governos de esquerda (o objectivo final). Ou uma perseguição ao poder económico sefardita que já aconteceu no passado. Vou mais longe ao dizer que a Europa arranja sempre maneiras criativas de expressar a inveja que tem do poder econômico Judaico.
Essa uma guerra que não usa armas de fogo.
Sobre o comentário que deixou no "Luz" e o link... Veja no comentário que fiz aqui no seu blogue. O link que passei não está no "Luz" e por isso você não encontrou... rs.
Beijus,

SOL da Esteva disse...

A (des)União Europeia é um facto consumado. As ambições de hegemonia não param e levarão, a prazo, a uma inovada Guerra que pode não matar pelas armas mas poródio e pela fome e miséria. E mais não digo.





Beijos


SOL

Ghost e Bindi disse...

É muito triste ver um povo trabalhador e de grandes batalhas à mercê de uma situação tão terrível. O povo brasileiro já passou por isso, e ainda carrega graves vestígios de uma dívida que quase o esmagou...
Mas o cérebro pétreo dos homens de negócios não se demove pelos sentimentos solidários...
Deixamos um grande abraço!

Bíndi e Ghost

ruma disse...

Hello. Your works is Superb.
Greetings from Japan. ruma

Graça Pires disse...

A falta de sensibilidade social demonstrada pelas instituições europeias até nos deixa envergonhados...
Foi bom relembrar aqui o poeta Drummond. Obrigada.
Beijo.

Silenciosamente ouvindo... disse...

Tem sido uma vergonha!!!
Não há qualquer solidiariedade!!!
Gostam de ver pobreza e mais pobreza nos
trabalhadores e reformados e maior
riqueza naqueles que já são ricos...
Desejo que se encontre bem.
Bj.
Irene Alves

AdolfO ReltiH disse...

SIGO SIN ENTENDER QUÉ SIGNIFICA LA "UNIÓN EUROPEA".
ABRAZOS

Anónimo disse...

Olá, Carmem
Tenho que confessar que abomino política, e procuro estar tão distante dela quanto me permite a não total ignorância do que se vai passando pelo mundo.
Vou me mantendo informado minimamente, até porque é minha convicção que os jogos políticos são feitos sempre com o intuito de que o mais forte vença o mais fraco e o coloque em situação de submissão.
Tudo isso é contra a minha maneira de ser, de pensar, e de estar na vida.
Os países mais fortes (os mais ricos, é claro!) deviam auxiliar os mais fracos (os mais pobres) - parece-me que essa era a ideologia que levou à criação da União Europeia. No entanto, o que se verifica nada tem a ver com isso... pelo contrário. A Alemanha, um país que se ergueu dos escombros em que ficou no pós guerra à custa do auxílio dos outros países... esqueceu o passado, e agora só pensa em dominar!
Desculpe todo este arrazoado... Normalmente, em questões de política... calo-me. Agora deu-me para desabafar.

Mudando de assunto:
Vou de férias, com a minha mamma, no próximo dia 20, e devo regressar em finais de Setembro. Vou ver se consigo "alinhavar" um post para deixar agendado para o dia 24, dia "oficial" das minhas postagens.

Por agora desejo um excelente fim de semana.
Um beijo
MIGUEL / ÉS A MINHA DEUSA

Emília Pinto disse...

E onde está a solidariedade do nosso país? Deveria estar do lado dos gregos e dos Irlandeses não só agora, mas desde sempre. Se se tivessem unido contra os desmandos Europeus talvez não tivessemos caído tanto. Agora, critica-se a Grécia, fala-se que a nossa situação não se compara à deles. Mas como têm coragem de dizer isso? Estamos com uma dívida que só aumenta e que nunca conseguiremos pagar. Fiquei muito feliz com a atitude dos gregos; alguém tinha de dar " um abanão " a essa europa mais rica que não pensa nos ideias que levaram à criação da união europeia. Amiga, belo post. Obrigada. Beijinhos e fica bem!
Emília

Lilasesazuis disse...

Na história é sempre assim...o povo infelizmente não escolhe bem seus governantes, o preço ao longo do tempo é caro...

Ambição, traição, ganância, politiqueiros..é o que vemos em toda parte...por aqui não é diferente.

Acho que a situação vai se ajeitando...aos poucos...com perdas e perdas, que o povo sempre paga...

Bela citação lúcida de...Drummond...eterno!!

beijinhos, Carmem, tenha um dia bem bonito.

Lígia e =^.^=