Quando eu era pequena tive a felicidade de viver numa casa com quintal, onde havia dois coqueiros e também uma goiabeira que dava umas goiabas doces, de que hoje, passados mais de trinta anos, ainda guardo o sabor algures, nas minhas papilas e no meu coração.
De tempos a tempos, ia lá um homem capinar o quintal e, ao fim do trabalho, trepava ao cimo dos coqueiros a pegar os cocos. Levava uns quantos e deixava-nos alguns - eram mais os que levava, do que os que deixava, pois minha mãe não tinha grande paciência para ralar o coco e, o homem, naquele sorriso largo, agradecia.
Eu, depois mais crescida, era quem ralava o coco para que minha mãe fizesse a cocada que o homem de sorriso largo lhe ensinara a fazer, que, segundo ele, era tal e qual a cocada que a esposa fazia.
Na maior parte das vezes, eu ralava o coco e ralava os dedos também, mas nada me desmotivava do trabalho, pois a recompensa que me aguardava valia o esforço. E nem preciso dizer que não resistia sem abocanhar um punhado do coco acabadinho de ralar, porque não deve haver no mundo quem se dedique à tarefa de ralar coco, sem encher a boca com essa delícia sumarenta.
Depois do trabalho feito, pegava um pedaço de coco partido, ainda colado à casca dura e, sentada num canto do jardim, lá ficava eu, a roer aquele maravilhoso fruto branco, da cor da neve. Mas já com o nariz apontado ao cheiro de coco doce a chegar-me da cozinha - ah, coisa boa, que é a vida de criança!
Na maior parte das vezes, eu ralava o coco e ralava os dedos também, mas nada me desmotivava do trabalho, pois a recompensa que me aguardava valia o esforço. E nem preciso dizer que não resistia sem abocanhar um punhado do coco acabadinho de ralar, porque não deve haver no mundo quem se dedique à tarefa de ralar coco, sem encher a boca com essa delícia sumarenta.
Depois do trabalho feito, pegava um pedaço de coco partido, ainda colado à casca dura e, sentada num canto do jardim, lá ficava eu, a roer aquele maravilhoso fruto branco, da cor da neve. Mas já com o nariz apontado ao cheiro de coco doce a chegar-me da cozinha - ah, coisa boa, que é a vida de criança!
*Já experimentei comprar coco aqui. Mas deixei-me disso, porque o coco que a gente compra aqui em Portugal, não é para quem já comeu coco acabado de apanhar no coqueiro. O coco que nos chega aqui, parece que perdeu metade da água e do sabor no caminho da viagem - é que nem café requentado: é, mas não é.
33 comentários:
Quem teve essa oportunidade é sortudo... nada melhor do que os doces feitos naturalmente...o gosto é totalmente diferente... tbm adoro...
Beijos...
Puxa, que maravilha ter a oportunidade de ter um coqueiro no quintal. E sabes, adoro cocos.Mas só acho graça quando estou no Nordeste, à beira mar.Ali tem outro gosto! bjs, chica e lindo fds!
Maravilhoso ter uma coqueiro em nosso quintal,pena que hoje em dia é difícil de vê-los e saboreá-los assim tão perto.
Bjs Carmem e um ótimo domingo.
Carmen Lúcia.
Ai que vou que encontrar uma cocada para apartar minha vontade!
Que delícia de recordações: do coco sumarento ( eu também teria abocanhado um punhadinho! ), da mãe a fazer a cocada, do quintal, das goiabas, do homem a capinar...
Adorei te ler! Beijo.
Pois é amiga, há coisas que perdem o sabor quando
são adulteradas. O meu marido adora coco eu nem
por isso.
Também quando morava com meus pais tinha quintal,
agora vivo num apartamento apenas com duas varandas,
não tem nada a ver.
Bom fim de semana amiga.
Bj.
Irene Alves
Oi Carmem!Ah,mas eu fiz muito isso também...Não tinha coqueiros no quintal lá de casa,comprávamos na feira,mas era fresquinho.Além de ralar o coco e comer um pouquinho,ainda dava pra beber o pouco da água que havia dentro dele.Até o feijão levava coco,ficava uma delícia!Ótima fruta!Beijos!
YA TAMBIÉN VIVÍ MI INFANCIA EN UN SITIO ASÍ!!!!!
ABRAZOS
Carmem, tenho um coqueiro aqui em casa. É a segunda vez que ele se enche de cocos e ainda dá para pegá-los sem escada.
Delícia!
Beijo grande, amiga!
Entendo bem a sua decepção. É que ao gosto original do coco deverá ainda juntar o tesouro das memórias e a magia da infância. Atrevo-me a pensar que, ainda que regresse ao Brasil, ao seu coqueiro, ao seu quintal, nem assim o coco terá o gosto desses dias!
beijinhos. Bom domingo.
Minha amiga também guardo sabores da minha infância que não voltam mais!
Um beijinho e boa semana
Fê
Adoro ler histórias de vida simples... um luxo de postagem!
Beijo e obrigada pela visita carinhosa.
Feliz semana.
Que deliciosas recordações da infância.
Eu também adoro cocos e sempre os tenho por perto.
Aqui onde moro, é muito fácil ....estão nas feiras, nos mercados...você escolhe...desidratados, in natura, ralados, em pedaços...ou somente a água, que eu amo!!!
Ah, também adoro cocadas...heheheh...
beijinhos, Carmem, tenha um domingo bem bonito!!
Lígia e =^.^=
Me deu água na boca , Carmen!
Estou de acordo . Embora não o faça , não sei como ralar! Deve ser pior que descascar abacaxi !
E a cocada só mesmo autêntica !
Bjis
Nunca ralei coco... e não é coisa que, de um modo geral, o português consuma. Mas uma cocada deve ser uma coisa mesmo boa...
Carmem, tenha uma boa semana.
Abraço.
Oi, Carmem...senti o gosto da cocada na boca e na alma...que delícia, voltei no tempo de infância quando minha mãe fazia as famosas balas de coco que desmanchavam na boca.Ô saudades!
Um abraço
É tão bom ter essas lembranças. Hoje nem todas as crianças têm a oportunidade de ter um quintal para saborear alguns frutos ou para brincar. Eu tive essa oportunidade até os meus oito anos. Adorei a postagem. Beijinhos.
Gostava de poder experimentar esse coco :)
um beijinho
Oi Carmen
Que doce sabor e lembrança da infância
Me água na boca só de pensar na cocada que a sua mãe fazia com o fruto fresquinho. Ah!! Que vontade de saborear
Beijos e uma semana coroada de amor
Gosto tanto de coco... Mas nunca comi assim, acabado de apanhar :( deve ser completamente diferente!!
GOSTEI MUITO DE PASSAR POR AQUI E VER ESTE SEU POST TÃO BONITO...
MARAVILHOSO NÃO É MESMO?
PODER COMER COCO ASSIM FRESQUINHO, TER UM NO QUINTAL..
QUE LINDO ISTO, QUE LINDO QUEM PODE VIVER ISTO..
UM ABRAÇO E BOA SEMANA..
http://elianeapkroker.blogspot.com.br/
Que memória tão doce *.*
r: Não tenho fórmula mágica, às vezes é mesmo o cansaço que impede um pensamento de se formar.
Beijinhos*
Pois é Carmen. Tempos mais felizes frente aos de agora. Só em pensar em uma casa com quintal, já nos faz lembrar de infância, de brincadeira de balanço, de subir em árvores para colher uma fruta fresca. É de guardar no coração O privilegio e a oportunidade de ter vivido esses momentos. Grande abraço. Uma grande semana cheia de paz.
Olá Carmem,
Que saborosa recordação...
Tão bem escrita com o teu olhar encantado
da tua criança, neste olhar estão
os registros sublimes...
Adoro cocada, aqui onde moro temos
cocadas famosas.
Adorei ler-te!!
Beijinhos.
Infelizmente, quase toda a fruta actualmente, é assim... por crescer à pressão, entre adubos e químicos, para acelerar o processo...
Mas é sempre bom recordar as coisas boas, que continuam como sempre foram... pelo menos nas nossas recordações...
Beijos, Carmem! Uma boa semana!
Ana
Olá, Carmen! Que bom visitá-la novamente e reencontrar seus belos escritos. Também gosto muito de cocada e senti saudades da que a minha mamãe fazia, mas não éramos nós quem ralávamos o coco... bem, sua cocada teve mais emoção rsrs.
Um grande abraço!
Carmem me deu saudade lendo teu texto. Minha família tem sítios e sempre que posso estou lá apreciando a beleza dos coqueirais e de outras frutas. La a gente pega até com as mãos, outros precisam de subir com escadas ou tirar com vara de bambu. Delicia um doce de coco.Uma água com o coco tirado na hora, é tudo de bom. Tudo é mais saboroso.
Adorei te ler.
Uma ótima semana cheia de sorrisos e água de coco.
Um texto bem sumarento, Carmen. Gostei muito de te acompanhar nestas recordações. Nunca comprei cocos mas fiquei com vontade de experimentar, mesmo dizendo que não se comparam aos da tua infância.
Bjo :)
texto interessante, pelo menos reviveu frutos e sabores....
boa semana.
beijo
:)
Eu ficava esperando sempre aqueles pedacinhos que não dava mais para segurar e minha mãe me dava.
Como eram bons aqueles momentos!
Seu texto me levou àqueles tempos, Carmem!
Abraços!
Nunca provei o coco acabado de ralar, mas pela sua descrição fiquei com vontade de experimentar, deve ser bem fresquinho.
Sou sincera, não sou grande fã de coco ralado dos pacotes, por isso mesmo sem ter provado do outro, acho que entendo a sua decepção quando provou o coco seco daqui.
Que bom ter partilhado connosco essa memória boa de sua infância, fez-me viajar também às minhas :)
Beijinhos
Carmem, parece que as frutas perderam muito de seu sabor, quando as comparamos com aquelas com as quais nos deliciamos na infância. Quando viajo para a praia, olho os cocos mas não me sinto estimulada a pedir um. Não é a mesma coisa . Sempre gostei dos pedaços, mais que das cocadas (rss). Bjs.
Também eu assisti a sabores desses. Desisti de comprar cocos, não tem qualidade e por vezes são rançosos.
Bj
Por cá não existem coqueiros.
Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
Enviar um comentário