05/08/16

Até acontecer com você

«Até que aconteça com você
Você não sabe como é.
...
Até que o seu mundo queime e se desmorone
Até que você esteja no fim, no fim da sua corda
Até que você esteja no meu lugar
Eu não quero ouvir nada de você...
Pois você não sabe.» 


É assim que a voz de Lady Gaga se eleva numa canção composta em co-autoria com Diane Warren, para gritar contra a violência sexual de que tantas mulheres são vítimas.
Lady Gaga passa a ser porta-voz de quem mantém o silêncio por medo e por vergonha e, também por quem vê a Justiça falhar na hora de punir os criminosos.
A canção foi composta para ser tema do documentário realizado pela CNN: "The Hunting Ground"  - traduzido à letra: "A Área de caça", referindo-se à área universitária, que serve de palco a um degradante e vergonhoso sem-número de violações de jovens americanas e, que o cineasta Kirby Dick denuncia nesta produção.


No vídeo imediatamente abaixo pode ver-se a apresentação na cerimónia dos Óscares no início deste ano, quando cantou e emocionou o público e, por fim, levou ao palco dezenas de sobreviventes de violação.
Escolhi este vídeo por iniciar a apresentar trechos de noticiários que apresentam casos de violação no Brasil.

Aliás, a violação feminina é prática corrente em todo o mundo, estando intimamente ligada às culturas machistas, ainda que de forma não-assumida.
A mulher, desde sempre, e, por mais evoluída que seja a sociedade, é considerada um ser filho de um deus menor por muitos, muitos mais do que é possível admitir à luz do progresso social e cultural. E muitos mais do que qualquer um de nós gostaria e gosta! de admitir.

Qualquer um de nós não precisará puxar muito pela memória para se lembrar de uma mão cheia (apenas?) de casos de violação de mulheres e meninas por todo o mundo, que viraram notícia, apenas desde o início do ano.
Chocaram-nos.
Nem queremos pensar...

Até que aconteça com uma de nós ou uma das nossas.





Curiosidade:
Diane Warren, a compositora, diz, em entrevista, que a música toca o coração das pessoas, porque, embora tenha sido escrita baseada no trauma da violação, sua letra pode ser relacionada a qualquer outro trauma de perda - e sim, há momentos em que, por mais que se goste e se queira, nada podemos para além de emprestar o ombro e os nossos braços, num abraço quente e afectuoso, ao outro que sofre a sua - só sua - dor.
E diz, ainda, que apenas Lady Gaga poderia dar voz à canção, pois também ela foi vítima de abuso.


Bom de ler:
" a cultura do estrupo institucionalizada nos EUA"

Documentário: "The hunting ground"  

15 comentários:

Maria Eu disse...

Temos que denunciar, levantar a voz, agir!

Beijos, Carmem :)

chica disse...

Há coisas que não podem ser caladas. E temos que saber bem nos colocar no lugar do outro...Lindo fds! bjs, chica

Arco-Íris de Frida disse...

As mulheres precisam se unir...apoiando umas as outras e agindo contra a violencia...

Beijos...

Manuel Veiga disse...

gostei de ler. beijo

Graça Alves disse...

Um tema a não esquecer!
Um post bastante oportuno, Carmem!
Beijinho

Boop disse...

E temos de ensinar os nossos filhos que há assuntos que não devem nuncaxser calados!

Patricia Merella disse...

O mundo está se movendo em prol desta causa.Fui através do curso em uma palestra com psicólogas e o tema era este :a violência conjugal.As psicóloga s nos mostrou a diferença entre conflito e violência verbal.Ainda temos muito caminho pela frente mas acredito que um dia o bem ganhará do mal.beijinhos

Clau disse...

Oi Carmem,
Postagem interessante.
Infelizmente essa prática acontece em todo mundo,
e achei muito interessante Lady Gaga
levantar essa bandeira. Por ter sofrido abuso ela
tem certamente propriedade para abordar esse tema.
Legal também o documentário. É preciso coragem para
retratar esses assuntos polêmicos.
Beijos!

Vane M. disse...

Olá, Carmem, muito bem escrito seu texto. Eu soube desse "hábito" terrível nas universidades americanas através da apresentação no Oscar e fiquei muito chocada! Não imagino ninguém me tocando além do homem que eu amo, quem dirá sem consentimento. Absurdo e precisa sim ser exposto, e infelizmente embora a maioria de ataques seja em relação às mulheres, homens a cada vez mais tem sido alvos também. Respeito a todos, sempre! Abraços!

Gracita disse...

Não se pode calar>
E as mulheres precisam se unir para esta luta desigual e exigir que seus agressores sejam punidos. Mas sozinhas e fragilizadas elas não encontram apoio e sofrem as agruras da violação
Uma semana linda e abençoada Carmen
Beijos

Tais Luso de Carvalho disse...

Ótima postagem, Carmem, vi os dois vídeos... sem palavras, indignação!
Muitos movimentos, muitas vozes se unindo!! E tudo na escala máxima.
Beijo.

Graça Pires disse...

É impressionante como estas coisas acontecem cada vez mais, replicando-se umas às outras.
Um post muito importante pela denúncia e chamada de atenção
Beijos.

Dilmar Gomes disse...

Cara amiga Carmem, ainda somos atrasadíssimos na escala evolutiva. Ainda somos bestializados no proceder.fôssemos mais evoluídos, certamente, não cometeríamos crimes primários, como estes alvos de campanhas pelo mundo. Indivíduo consciente não atenta contra mulheres, crianças, a quem quer que seja. Todos sabem o que é certo e errado, entretanto, o homem ainda carece de caráter.
Um abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas uma linda semana.

Maria Glória disse...

Um canto visceral, atual, oportuno.
A letra é formidável, faz ir até o outro, faz reflexão.
A tua postagem, Carmem, é excelente. Eu não conhecia o vídeo e foi impactante, em todos os sentidos.
E a maior reflexão é o quanto o nosso planeta está ficando cada vez mais sombrio. Quando pensamos em viajar, uma das maiores delícias da vida, pensamos se devemos ir para este ou aquele país, pois podemos ser vítimas de um ataque. Há receio de sair a rua! A que ponto!
Um beijo Carmem.

Lia Noronha disse...

Sempre lindo vir aqui..e ler seus escritos e ouvir músicas..e aprender mais e mais.abraços d e bom ano novo pra ti querida Carmen.